quarta-feira, 22 de abril de 2009
Intempestivo
domingo, 19 de abril de 2009
Domingo
Tédio e domingo formam uma mistura alucinógena. Quando se unem, eu me sinto um raquítico pesando 150 quilos. É tudo tão fraco e tão sensível e, ao mesmo tempo, tão pesado e tão difícil de alterar. E quando olho pela minha janela, sempre olho para a mesma direção. E lembro dos frutos daquela árvore tão simpática.
Bem, hoje foi assim. Eu experimentei essa velha sensação que me abandonou por um bom tempo. Hoje é domingo e, em determinado momento do final da tarde, me peguei dizendo: “Porra, hoje é um autêntico domingo”.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Acomode-se
Já tentou fazer os finais se encaixarem?
Te levarei para o único final que conheço
Sei que quando se tenta, várias portas se abrem
Você quer ter um bom fim, não é mesmo?
Sei quem pode nos levar aos lugares
Onde todas as veias se encontram
Quais cores você quer para os mares?
Me diz enquanto minhas mãos os preparam
Nunca rezamos, mas se ajoelhe essa noite.
Eu só preciso ouvir alguns sons
Consigo ouvir bem os pássaros
Alguns deles têm certos dons
Agora, estique o seu braço
E não tenha medo do meu açoite
Só quero que você feche os olhos e respire ao mesmo tempo
Enquanto os finais se encaixam dentro de você
"Querida, você se lembra das tardes de domingo de novembro?
Fazia frio e tudo que eu queria era terminar tudo com você"
terça-feira, 14 de abril de 2009
Homens Bombas
Peguem todas as suas armas e chamem todos os seus amigos. Às vezes ela se chateia comigo, mas é porque eu prefiro os sorrisos coletivos a um único riso. É por isso que lhes digo para pegarem todas as armas e chamarem todos os seus amigos. Hoje é um dia de fazer o mundo todo sorrir.
Vamos fazer apenas algumas coisinhas.
Sentem-se aqui, vamos apagar as luzes. Lembram-se daquele jovem que nos disse que com as luzes apagadas nós nos sentimos melhor? Bem, é só um pouco de baixaria.
Se estamos todos juntos aqui, é porque alguém nos contagiou. É difícil chegar em casa após um dia duro e ver que um nobre partiu. Não é tão bom descobrir que somos pouco abençoados e que existe um fantoche pintado de cinza nos fazendo rir todas as tardes.
sábado, 11 de abril de 2009
Cores de uma Canção
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Rei Caronte
domingo, 5 de abril de 2009
Identidade
Peço desculpas, mas não havia jeito de ficar quieto. Entenda que eu estava zonzo naquele dia. Acertava todos os alvos; mas os sons, não. É porque os sons me desequilibram.
Agora, quando é manhã, eu sinto sempre tudo da mesma forma. Por que eu fiquei? Jamais apenas um pouco alterado. Não há nada aqui que eu não conheça. Só essa sensação de que agora tudo ficará como deveria.
Não há nada perdido ainda; só sou um labrador farejando os rastros. Sinto falta; mas o que posso dizer? Palavras? Palavras sãos coisas que se dizem...
É engraçado, não há encruzilhadas me cercando. Me lembro ainda das promessas pactuadas naquele dia. Um dia me esconderei nas suas asas.
Acho que você tem nome de pássaro.
E tudo que tenho é um deus me atacando. Vamos lá, senhor. Uma palavra, um ato. Ou uma gota de sangue. Sempre, sempre; não sei por qual razão, me saboreio observando. O passo, o tom de voz, a leveza do tato, me entende? É claro, não precisa muito para instigar. Já a satisfação se dá pelo ato. Por que sou tão desvirtuado?
Acho que falo demais agora. Esqueço que o mistério é a minha rede.
Adoro palavras, sabe? Já percebeu que palavras tocam? Seja o que for, com as palavras certas, se consegue a vontade. E vontade é tudo que importa, o resto é imperfeito.
Aprenda a conversar, meu camarada. Autobiográfico demais, não acha? Você se sente um pouco desconfiada lendo isso agora? Foi por acaso que você está me lendo agora? Não serei cínico: escrevi para você sim. E é por lhe achar diferente, sabe?
Sou fascinado por diferenças...
A diferença descoberta leva a uma igualdade tão absurda, não acha? Se não entendeu, pense um pouco a respeito. Não quero ser arrogante.
Vamos combinar agora: um dia eu lhe perguntarei a origem do seu nome. Então você entenderá, certo?
Eu sou só uma pessoa que gosta de brincar demais. Não gosto de resolver enigmas, mas me maravilho em criar alguns. E esse não é complicado. A solução é mais óbvia.
Eu não escreveria para você à toa.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Ambíguo
Porque são assim
Não poderiam ser de outro jeito
E caso fossem
De outro jeito seriam
Sendo desse mesmo jeito
Voltando a ser como são
Ou como seriam
Mas não eram.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Grades da Quinta Rua
Batido de cimento, com as borras espalhadas
Os mesmos brinquedos de dez anos atrás
A mesma criança linda dona de um coração
A lagarta no pé de goiaba - cercado de prédios -
O resto do pomar que a vizinha jogou mal olhado
Isso fazia parte do meu quintal, meu remédio
Os mesmos brinquedos de dez anos atrás, jogados
A gangorra do parque sem ter alguém para sentar
Estava lá, ela no chão, esperando equilíbrio
Eu a enterrando no chão, uma direção alta
A outra baixa, comigo sozinho.
sábado, 28 de março de 2009
Bar do Jaques (Parte II)
Como qualquer casa noturna, o dia mais movimentado da semana era sexta-feira. O último dia de trabalho para a maioria das pessoas; todos exaustos de manter as aparências. Jaques fazia algo especial para os seus clientes na sexta-feira; começava com um show de humor e depois música ao vivo. E nossa bandinha faria o show aquela noite, com sua primeira e única formação no palco, até aquele momento: Pablo, líder, vocalista, guitarrista e robô; Sérgio, baixista e o único verdadeiro músico e compositor do grupo; eu, gaitista e nada mais; e Marques, o nosso baterista autista viciado em crack.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Título Ausente
Eu escrevo uma obra intitulada
Apenas como texto sem título
Pessoas que tem algum distúrbio
Não entendem que tudo
pode ser, assim como é, ambíguo
Cada vez mais o confuso e o estranho
Muda de maneira muito descontrolada
assim como eu mudo o meu tamanho
segunda-feira, 23 de março de 2009
A Ideia, o Estrago
Homens e mulheres rangem os dentes e entram em um êxtase simbolizado pelos gritos e gemidos. O suor escorre pelo corpo enquanto o homem apenas deseja penetrar mais profundamente; e a mulher ser penetrada até o útero. O som é inexistente; a dor é o melhor analgésico: isso também envolve trocadilhos. Às vezes, eu rio das palavras.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Bar do Jaques
terça-feira, 17 de março de 2009
Contida Liberdade
Dentro da minha contida liberdade
Felicidade
Provou não ser imprópria ou fajuta
Ela caminha na minha direção
Eu caminho sobre alguma estação
Dobrando novas avenidas sem entender
Quantas serão precisas para aprender?
Dentro da minha contida liberdade
Felicidade
Provou não ser imprópria ou vagabunda
Tenho fogo caminhando em minhas mãos
Não é preciso provar que não passa de armação
Felicidade
Você me prometeu construir verdades
Não passa de uma noite sentado no telhado
É tudo imaginação, é tudo pensamento
Espero o frio da noite me secar do molhado
Para voltar a dormir no meu quarto.
sábado, 14 de março de 2009
Refúgio
Tenho a lhe oferecer bem mais que felicidade
Se eu a convidasse para um passeio, você iria?
Vamos navegar nessa barca por toda eternidade
Não sinta medo desse frio profundo
Esse lugar é uma outra realidade
Venha, vamos navegar por esse novo mundo
O paraíso dos sonhos é o nosso abrigo
Aqui não há problemas ou tabus, nada existe
Esse lugar é o meu refúgio e é seu amigo
Um lugar livre de religiões
Onde o nosso pensamento consiste.
quarta-feira, 11 de março de 2009
II Epílogo: A Viagem
Naquele momento da viagem eu já não mais queria sentir a luz brilhante do sol exacerbando os meus olhos. Mais tarde, eu aprendi que essa mesma luz se traduz como um início que jaz o fim. As luzes soam delírios.
Tudo se passava pela minha mente: a partida, a queda, a generosidade, a partilha, a viagem. Cada quesito desse citado é um capítulo da minha história. Cito a viagem agora, pois a cronologia perde o bom senso diante daquele homem chamado Acusador.
domingo, 8 de março de 2009
Olha para Cá
sexta-feira, 6 de março de 2009
I Epílogo: O Trato
terça-feira, 3 de março de 2009
Simpatia
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Eumicela - I Carta
Eu só preciso de um fim. De um leutono, de um bom leutono; é tudo que eu preciso. Tudo certo. Você simplesmente fode comigo a todo instante. Fode e fode; ela não resiste. Eu tento ou, bem... Tento tentar.
Sozinho; já se sentiu assim, Eumicela? Você nasceu sozinho, meu nobre cowboy, e o meu corpo é grande demais para nós. Nunca fizemos nada. Nem tudo, nem nada; nem mesmo a pobre Zurrapa.
Bem, sem delongas: problemas! Você de novo, meu nobre cowboy... E agora? Vamos deslizar sobre a maré, vamos nadar sobre a lua?
Foda-se tudo, nós precisamos continuar com isto.
Precisamos, mas o barco está em chamas. E agora?
Ou você se decepciona, ou você decepciona. E a culpa não é sua. Você não fez nada, você não está errado; apenas descobriu o descoberto que ninguém ainda descobriu, mas que um dia será descoberto. E agora? Maravilhado e confuso? Não... Náuseas e confusões. "Isso não é problema seu". De quem seria?
Maldição...
E agora?
Eumicela, um pouco mais, por favor. Venha cá meu amigo, sente-se. O que faço? Há quanto tempo não faço essa pergunta? Hein, madame Satã... O que faço?
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Rádio 4:36
É apenas mais uma noite de muita droga: todos vocês têm olhos de cocaína; e os seus balanços são de aloprados anfetaminados.
Bando de escrotos, são o que vocês são!
Berra saxofone; berra ao chamado que clama seus filhos escuros. Terrible Nix.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Chamas de um Anjo
Eu olhei em volta e vi que eu estava correndo perigo
Onde está aquela garota que declamava no meu ouvido no banheiro?
Será que ela era mesmo uma moça ou apenas um anjo perdido?
Ela era uma moça, aquele domingo à tarde, em direção ao meu copo
Estava ela mesma chateada ou eu com algum pensamento remoto?
Eu caminhava em sua direção enquanto percebia seu olhar erótico
Vamos hoje fazer coisas que até então eram desconhecidas
E não será apenas seu cabelo cor de fogo que terá essa característica
A impressão que eu tenho é que seu corpo está coberto de chamas, querida
O nosso leito está agora todo coberto pelo fogo
E não há nada para provar sobre minhas palavras
Porque você sabe que não sou nenhum mentiroso
E eu sei o porquê das suas mágoas
Imagine que isso seja uma viagem e que estejamos com o pé na estrada.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Desejo, Desejo
Eu os costuraria com agulha de tecer
Nuvens cinzas que parem relampejos
Até um novo sol nascer
De dentro dos seus beijos
Desejo, desejo
O desejo é livre
De você, inclusive
Suas mãos dedilham como uma aranha
Anestesiada no próprio veneno
Mãos de loucos fazem façanhas
Dissolvem suas tristezas no tolueno
Meus dedos são dormentes, elétricos
Caminham pelo vento sem o meu comando
Perseguem, por instinto, seu corpo tétrico
Encontram os seus desejos de grunhidos fanhos
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Passeio
Agora, diante do embarque, onde não é necessário ceder o lugar para os idosos, pois todos têm direito de sentar-se à janela, com o direito sublime de ver toda a paisagem da viagem. Todos calados durante a viagem, todos flutuando em ideias. Suspiros...
Flores vermelhas! Fantástico, real. Há homens e mulheres e deformados a bordo, eu sou apenas mais um. Apenas mais um. É real, todos aqui são apenas mais um. É real. Olhares....
A estrada - contraditoriamente como falado - não é uma descida, embora haja sim descidas. Há, no entanto, subidas e curvas, e sempre que olho para a janela flores vermelhas. Às vezes amarelas, azuis, roxas.
O chão é verde. É colorido, como o chapéu do motorista. Ele sempre está sorrindo, mesmo mantendo sua expressão séria. Todos permanecem calados. Há olhos que brilham. Sempre houve tolos que jamais foram perturbados por não se darem conta de suas próprias tolices. O vento dança lá fora...
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Conduza-me
Noto que cada vez que sua cintura requebra, uma cerâmica do chão se espedaça; e os meus olhos bambeiam com aquele tilintar sensual. Digo que estou embriagado com a leveza destruidora daquela dançarina.
As batidas da música soam progressivamente mais fortes; talvez no ritmo do meu desejo, ou talvez não tanto. Sei que ela dança se aproximando de mim, porque a cada segundo morto sua boca aveludada adquire mais vida; e me parece sempre mais saborosa. Então eu penso que talvez seja interessante matar alguns segundos.
Agora ela está rente a mim, a uma distância mínima; assim como eu, que estou no limiar da minha sanidade. O relógio na parede diz que já matamos muito tempo. Ela não tem pressa, apenas seduz o terremoto com sua cintura.
Ela mantém a coluna ereta; e apoia seu joelho no dorso da minha coxa. Ela se equilibra com as mãos nos meus ombros. Em um gesto provocante, ela sugere que eu sinta o cheiro da sua pele. Ela não deixa que eu a toque; que somente eu seja tocado. Seu joelho escorrega pelo lado de fora da minha coxa, e sinto seu busto aproximar dos meus olhos. Uma mordida nos lábios me escapa. Talvez seja a última partícula de sanidade fugindo de mim.
Envolva seu cabelo ao redor da minha pele.
Ela se encaixa com perfeição em mim. Montada em mim, sentado. Ela segura o meu queixo e diz perto de mim - sinto o hálito quente formigar na minha boca: “Agora... Vamos nos destruir, meu bem”.