sábado, 28 de fevereiro de 2009

Eumicela - I Carta

Poderia novamente escrever sobre sexo, mas meu estômago dói e, enfim. 

Eu só preciso de um fim. De um leutono, de um bom leutono; é tudo que eu preciso. Tudo certo. Você simplesmente fode comigo a todo instante. Fode e fode; ela não resiste. Eu tento ou, bem... Tento tentar. 

Sozinho; já se sentiu assim, Eumicela? Você nasceu sozinho, meu nobre cowboy, e o meu corpo é grande demais para nós. Nunca fizemos nada. Nem tudo, nem nada; nem mesmo a pobre Zurrapa.

Bem, sem delongas: problemas! Você de novo, meu nobre cowboy... E agora? Vamos deslizar sobre a maré, vamos nadar sobre a lua?

Foda-se tudo, nós precisamos continuar com isto.

Precisamos, mas o barco está em chamas. E agora?

Ou você se decepciona, ou você decepciona. E a culpa não é sua. Você não fez nada, você não está errado; apenas descobriu o descoberto que ninguém ainda descobriu, mas que um dia será descoberto. E agora? Maravilhado e confuso? Não... Náuseas e confusões. "Isso não é problema seu". De quem seria?

Maldição...

E agora?

Eumicela, um pouco mais, por favor. Venha cá meu amigo, sente-se. O que faço? Há quanto tempo não faço essa pergunta? Hein, madame Satã... O que faço?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Rádio 4:36

Boa noite, demônios! São 4:36 e vocês ainda têm alguns instantes até o momento em que o sol queimará a todos. Ninguém aqui ainda sentiu a pele formigar em uma chama de fogo.

É apenas mais uma noite de muita droga: todos vocês têm olhos de cocaína; e os seus balanços são de aloprados anfetaminados.

Bando de escrotos, são o que vocês são!

Berra saxofone; berra ao chamado que clama seus filhos escuros. Terrible Nix.

Bom... Nessa noite apenas uma pergunta a vocês, meus espectadores adorados: vocês me veem batendo?

Ah! E é claro também, deixarei uma frase: "a linha nunca mente... 'She doesn't lie, she doesn't lie…'"

Fiquem com Deus.

Gargalhadas. Ecoam...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Chamas de um Anjo

Eu cheguei nesse lugar estranho não tem uma hora direito
Eu olhei em volta e vi que eu estava correndo perigo
Onde está aquela garota que declamava no meu ouvido no banheiro?
Será que ela era mesmo uma moça ou apenas um anjo perdido?

Ela era uma moça, aquele domingo à tarde, em direção ao meu copo
Estava ela mesma chateada ou eu com algum pensamento remoto?
Eu caminhava em sua direção enquanto percebia seu olhar erótico

Vamos hoje fazer coisas que até então eram desconhecidas
E não será apenas seu cabelo cor de fogo que terá essa característica
A impressão que eu tenho é que seu corpo está coberto de chamas, querida

O nosso leito está agora todo coberto pelo fogo
E não há nada para provar sobre minhas palavras
Porque você sabe que não sou nenhum mentiroso
E eu sei o porquê das suas mágoas

Imagine que isso seja uma viagem e que estejamos com o pé na estrada.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Desejo, Desejo

Se um dia eu pudesse ver os seus segredos
Eu os costuraria com agulha de tecer
Nuvens cinzas que parem relampejos
Até um novo sol nascer
De dentro dos seus beijos

Desejo, desejo
O desejo é livre
De você, inclusive

Suas mãos dedilham como uma aranha
Anestesiada no próprio veneno
Mãos de loucos fazem façanhas
Dissolvem suas tristezas no tolueno

Meus dedos são dormentes, elétricos
Caminham pelo vento sem o meu comando
Perseguem, por instinto, seu corpo tétrico
Encontram os seus desejos de grunhidos fanhos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Passeio

Um bom gole de veneno para agonizar a noite inteira e sentir o fim da aflição com o nascente do sol, com a luz brilhante exacerbando meus olhos. Como no início que jaz o fim: a partida, a queda, a generosidade, a partilha, a viagem.

Agora, diante do embarque, onde não é necessário ceder o lugar para os idosos, pois todos têm direito de sentar-se à janela, com o direito sublime de ver toda a paisagem da viagem. Todos calados durante a viagem, todos flutuando em ideias. Suspiros...

Flores vermelhas! Fantástico, real. Há homens e mulheres e deformados a bordo, eu sou apenas mais um. Apenas mais um. É real, todos aqui são apenas mais um. É real. Olhares....

A estrada - contraditoriamente como falado - não é uma descida, embora haja sim descidas. Há, no entanto, subidas e curvas, e sempre que olho para a janela flores vermelhas. Às vezes amarelas, azuis, roxas.

O chão é verde. É colorido, como o chapéu do motorista. Ele sempre está sorrindo, mesmo mantendo sua expressão séria. Todos permanecem calados. Há olhos que brilham. Sempre houve tolos que jamais foram perturbados por não se darem conta de suas próprias tolices. O vento dança lá fora...

Todos dançam do lado de fora, essa sempre foi a regra...

É apenas mais uma noite, apenas mais uma declaração de delírio. Amanhã, quando o nascente do sol se levantar, ficaremos bem.

Eu prometo, eu prometo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Conduza-me

Ela dança como se a terra estivesse chacoalhando. E, na verdade, o chão está mesmo tremendo. O céu também treme, pois olho os prédios e os vejo dançando ao luar. Enquanto isso, as metamorfoses das árvores pairam lá fora. E tudo que ela faz aqui dentro é dançar; dançar até os músculos de suas coxas fermentarem o ácido da dor.

Noto que cada vez que sua cintura requebra, uma cerâmica do chão se espedaça; e os meus olhos bambeiam com aquele tilintar sensual. Digo que estou embriagado com a leveza destruidora daquela dançarina.

As batidas da música soam progressivamente mais fortes; talvez no ritmo do meu desejo, ou talvez não tanto. Sei que ela dança se aproximando de mim, porque a cada segundo morto sua boca aveludada adquire mais vida; e me parece sempre mais saborosa. Então eu penso que talvez seja interessante matar alguns segundos.

Agora ela está rente a mim, a uma distância mínima; assim como eu, que estou no limiar da minha sanidade. O relógio na parede diz que já matamos muito tempo. Ela não tem pressa, apenas seduz o terremoto com sua cintura.

Ela mantém a coluna ereta; e apoia seu joelho no dorso da minha coxa. Ela se equilibra com as mãos nos meus ombros. Em um gesto provocante, ela sugere que eu sinta o cheiro da sua pele. Ela não deixa que eu a toque; que somente eu seja tocado. Seu joelho escorrega pelo lado de fora da minha coxa, e sinto seu busto aproximar dos meus olhos. Uma mordida nos lábios me escapa. Talvez seja a última partícula de sanidade fugindo de mim.

Envolva seu cabelo ao redor da minha pele.

Ela se encaixa com perfeição em mim. Montada em mim, sentado. Ela segura o meu queixo e diz perto de mim - sinto o hálito quente formigar na minha boca: “Agora... Vamos nos destruir, meu bem”.