sábado, 4 de julho de 2009

Depois da Sete


Você quer saber o que faço quando acordo
Depois de dormir o dia inteiro
Eu lhe digo: eu não sei
O que faço primeiro

Expressões são movimentos faciais
Gestos são expressões canibais

Quando acordo, olho o espelho
Vejo pares corando de medo
E recordo tudo que disse que lembraria jamais

Mas me esqueço do mais importante
Das lembranças gravadas na instante
Das particularidades de uma mente ignorante

Tomo banho, visto a roupa.
E arranho a voz rouca
De sono permanente

Já não me lembro do dia quente
Que partiu depois da sete.

3 comentários:

Anônimo disse...

O poema "Depois da Sete" parece explorar temas como a passagem do tempo, a memória, a identidade e a sensação de desorientação ou deslocamento. Vamos analisar o poema em partes para entender melhor seu significado:

O poema começa com uma pergunta: "Você quer saber o que faço quando acordo / Depois de dormir o dia inteiro". Isso sugere uma rotina incomum, talvez um sono prolongado ou uma fuga da realidade. O eu lírico responde com incerteza: "Eu lhe digo: eu não sei / O que faço primeiro". Essa resposta indica uma falta de clareza ou propósito, como se a pessoa estivesse desconectada de si mesma ou de sua rotina.

"Expressões são movimentos faciais / Gestos são expressões canibais": Aqui, o poeta parece refletir sobre a superficialidade das interações humanas. As expressões faciais são apenas movimentos, e os gestos são descritos como "canibais", o que pode sugerir que eles consomem ou devoram a verdadeira essência das emoções, tornando-as falsas ou vazias.

"Quando acordo, olho o espelho / Vejo pares corando de medo": O ato de olhar no espelho pode simbolizar uma busca por autoconhecimento ou identidade. No entanto, o que o eu lírico vê são "pares corando de medo", o que pode indicar um confronto com aspectos assustadores ou desconfortáveis de si mesmo ou da realidade.

"E recordo tudo que disse que lembraria jamais / Mas me esqueço do mais importante": Aqui, há uma contradição entre o que o eu lírico prometeu lembrar e o que realmente esquece. Isso pode refletir a fragilidade da memória e a dificuldade de reter o que é verdadeiramente significativo.

"Das lembranças gravadas na instante / Das particularidades de uma mente ignorante": O poeta fala sobre memórias que são gravadas no momento, mas que são perdidas ou distorcidas pela mente, que é descrita como "ignorante". Isso pode sugerir uma crítica à nossa incapacidade de compreender ou reter a verdadeira essência das experiências.

"Tomo banho, visto a roupa. / E arranho a voz rouca / De sono permanente": Aqui, o eu lírico descreve ações cotidianas, mas com uma sensação de fadiga ou desânimo. A "voz rouca de sono permanente" pode simbolizar um estado de letargia ou falta de vitalidade.

"Já não me lembro do dia quente / Que partiu depois da sete": O poema termina com uma referência ao tempo que passou, mas que foi esquecido. O "dia quente" pode simbolizar um momento de intensidade ou significado, mas que agora está perdido na memória. A expressão "depois da sete" pode ser uma referência a um horário específico, mas também pode ter um significado simbólico, como o fim de um ciclo ou fase.

Conclusão:

O poema "Depois da Sete" parece retratar um estado de desorientação, onde o eu lírico luta com a memória, a identidade e a passagem do tempo. Há uma sensação de perda, tanto de memórias quanto de significado, e uma desconexão com o mundo exterior. O poema pode ser interpretado como uma reflexão sobre a fragilidade da mente humana e a dificuldade de encontrar sentido em meio à rotina e ao esquecimento.

Anônimo disse...

O poema "Depois da Sete" apresenta características que podem ser associadas a várias influências literárias, filosóficas e culturais. Embora não seja possível determinar com certeza as influências diretas do autor sem mais contexto, podemos identificar algumas possíveis referências e correntes que ecoam no texto:

1. Modernismo e Pós-Modernismo:

O tom introspectivo e fragmentado do poema, aliado à exploração da memória e da identidade, remete a características do Modernismo e do Pós-Modernismo. Autores como Fernando Pessoa (especialmente em seus heterônimos, como Álvaro de Campos) e Carlos Drummond de Andrade exploram temas semelhantes, como a despersonalização, a angústia existencial e a busca por significado em um mundo caótico.

A ideia de memórias perdidas ou distorcidas também pode ser associada à literatura pós-moderna, que frequentemente questiona a noção de verdade e a confiabilidade da percepção humana.

2. Existencialismo:

O poema reflete uma sensação de desorientação e vazio, temas centrais no existencialismo. Filósofos como Jean-Paul Sartre e Albert Camus exploraram a ideia de que a vida pode parecer absurda e sem sentido, e o eu lírico parece lidar com essa mesma inquietação.

A linha "Já não me lembro do dia quente / Que partiu depois da sete" pode ser interpretada como uma metáfora para a perda de significado ou a passagem do tempo sem propósito, um tema comum no pensamento existencialista.

3. Simbolismo e Surrealismo:

O uso de imagens como "pares corando de medo" e "gestos são expressões canibais" sugere uma influência do Simbolismo e do Surrealismo, movimentos que valorizam o subconsciente, o onírico e o simbólico. O poema parece mergulhar em um estado quase alucinatório, onde a realidade se mistura com a memória e a imaginação.

A referência ao espelho também é um símbolo recorrente na literatura, muitas vezes associado à busca por autoconhecimento ou à confrontação com aspectos sombrios da psique.

4. Poesia Confessional:

O tom pessoal e introspectivo do poema pode ser associado à poesia confessional, um movimento que ganhou força no século XX com poetas como Sylvia Plath e Anne Sexton. Esses autores exploravam suas próprias experiências emocionais e psicológicas de maneira crua e direta, muitas vezes lidando com temas como depressão, alienação e identidade.

Anônimo disse...

5. Influências da Cultura Contemporânea:

A referência a "depois da sete" pode ser uma alusão ao horário noturno, sugerindo um contexto urbano e moderno, onde a noite é associada à introspecção, solidão ou até mesmo à vida noturna. Isso pode refletir influências da cultura contemporânea, onde a alienação e a desconexão são temas recorrentes.

A ideia de um "sono permanente" também pode ser uma crítica à apatia ou ao tédio da vida moderna, temas explorados por autores como T.S. Eliot em "The Waste Land" ("A Terra Desolada").

6. Influências da Filosofia Oriental:

A menção ao esquecimento e à mente "ignorante" pode ter ressonâncias com filosofias orientais, como o Budismo Zen, que enfatiza a impermanência e a ilusão do ego. A ideia de que as memórias são fugazes e que a mente é incapaz de reter o que é verdadeiramente importante pode refletir uma visão próxima dessas tradições.

7. Influências Musicais e Culturais:

O título "Depois da Sete" pode ser uma referência a uma música, um filme ou até mesmo a um momento específico do dia (como o início da noite). Isso sugere uma possível influência da cultura pop ou da música, que muitas vezes aborda temas como a passagem do tempo, a nostalgia e a alienação.

Conclusão:

O poema "Depois da Sete" parece ser uma síntese de várias influências, desde correntes literárias como o Modernismo e o Surrealismo até filosofias como o Existencialismo e o Budismo. A combinação de introspecção, fragmentação da memória e uma sensação de deslocamento sugere um diálogo com questões universais sobre a condição humana, ao mesmo tempo em que reflete preocupações típicas da contemporaneidade. Sem mais informações sobre o autor, é difícil apontar influências diretas, mas essas são as possíveis conexões que podem ser traçadas a partir da leitura do texto.