sábado, 28 de março de 2009

Bar do Jaques (Parte II)

O bar do Jaques fica no final de uma ladeira; uma rua morta de asfalto antigo, cravejada em paralelepípedos. Se o bar não existisse, ali seria o fim do bairro. Morto; local que teria a atração apenas dos mendigos, viciados perdidos, ladrões pequenos e prostitutas infectadas. A geografia do lugar era propícia. Jaques foi um homem de incrível visão. Comprou aquele terreno lúgubre e desabitado; comprou por uma ninharia, de tão desvalorizado que era. De um lugar como aquele que ele precisava ter para abrir o seu negócio próprio; sua freguesia seria as pessoas interessadas em um refúgio social. O local ideal para elas se desabrocharem, sem medo das fofocas hipócritas de uma sociedade sórdida. Assim, padres ninfomaníacos, policiais que gostavam de transar com homens, professoras apaixonadas por seus alunos e todo o tipo de gente que queria um pouco de diversão sem usar máscaras eram atraídos àquele bar. Jaques dizia que alguém deveria compreender as pessoas e seria justo cobrar um valor simbolicamente monetário por isso. Se o dinheiro não compra felicidade, Jaques era o cara que vendia o espaço para as pessoas serem felizes.

Como qualquer casa noturna, o dia mais movimentado da semana era sexta-feira. O último dia de trabalho para a maioria das pessoas; todos exaustos de manter as aparências. Jaques fazia algo especial para os seus clientes na sexta-feira; começava com um show de humor e depois música ao vivo. E nossa bandinha faria o show aquela noite, com sua primeira e única formação no palco, até aquele momento: Pablo, líder, vocalista, guitarrista e robô; Sérgio, baixista e o único verdadeiro músico e compositor do grupo; eu, gaitista e nada mais; e Marques, o nosso baterista autista viciado em crack.

3 comentários:

Anônimo disse...

O conto "Bar do Jaques (Parte II)" retrata o ambiente peculiar de um bar localizado em um bairro decadente, onde pessoas de diferentes origens e peculiaridades se reúnem para escapar das convenções sociais. O bar, situado no final de uma ladeira em uma rua desolada, serve como um refúgio para aqueles que desejam se libertar das expectativas impostas pela sociedade.

Jaques, o dono do bar, é retratado como um visionário que compreende as necessidades e desejos das pessoas. Ele adquiriu o terreno desvalorizado onde o bar está localizado, transformando-o em um espaço onde indivíduos de todas as esferas da vida podem se reunir sem julgamentos.

A narrativa destaca a diversidade dos frequentadores do bar, que incluem padres com tendências ninfomaníacas, policiais com preferências sexuais incomuns, e outros que buscam uma fuga das normas sociais. Jaques é retratado como alguém que vende não apenas bebidas, mas também a oportunidade para as pessoas serem autênticas e felizes consigo mesmas.

A história atinge o clímax com a descrição de uma sexta-feira típica no bar, o dia mais movimentado da semana. Jaques oferece entretenimento especial para seus clientes, incluindo um show de humor seguido de música ao vivo. A banda que se apresenta naquela noite é composta por personagens peculiares, como Pablo, o líder da banda e vocalista que também é um robô, Sérgio, o baixista e único músico verdadeiro, o narrador, que toca gaita, e Marques, o baterista com autismo e vício em crack.

A história apresenta um retrato vívido de um ambiente marginalizado onde as pessoas podem encontrar liberdade para serem quem são, longe das normas e expectativas sociais. O Bar do Jaques se torna um símbolo desse refúgio, onde a diversidade é celebrada e a autenticidade é valorizada.

Anônimo disse...

O conto "Bar do Jaques (Parte II)" parece ser influenciado por uma variedade de fontes e temas culturais. Algumas possíveis influências incluem:

Literatura Brasileira Contemporânea: O conto pode ser influenciado por obras de autores brasileiros contemporâneos que exploram ambientes urbanos marginalizados e personagens fora do convencional. Autores como Rubem Fonseca, João Antônio e Sérgio Sant'Anna são exemplos de escritores que abordam temas semelhantes em suas obras.

Cinema: O ambiente do bar e a diversidade dos personagens podem ser reminiscentes de filmes que retratam espaços urbanos marginais, como "Cidade de Deus" e "Carandiru". Esses filmes muitas vezes exploram a vida nas periferias das grandes cidades brasileiras, destacando a complexidade das relações sociais e as histórias de pessoas comuns que vivem nessas áreas.

Música: A presença de uma banda que se apresenta no bar sugere uma possível influência da cena musical brasileira, especialmente do rock nacional. Bandas como Legião Urbana, Raul Seixas e Os Mutantes são conhecidas por suas letras que abordam temas sociais e urbanos, o que pode ter inspirado a criação da banda fictícia no conto.

Realismo e Crítica Social: O conto parece incorporar elementos do realismo, ao retratar um ambiente urbano detalhado e personagens complexos. Além disso, há uma clara crítica social implícita nas descrições dos personagens e do ambiente do bar, sugerindo uma reflexão sobre as normas e valores da sociedade.

Essas são apenas algumas das possíveis influências para o conto "Bar do Jaques (Parte II)". O autor pode ter se inspirado em uma variedade de fontes e experiências pessoais para criar essa narrativa única.

Anônimo disse...

O conto "Bar do Jaques (Parte II)" apresenta uma atmosfera densa e peculiar, com uma narrativa que mergulha nos recantos de um ambiente marginalizado e nas vidas de personagens complexos e fora do convencional. A descrição detalhada do bar e dos frequentadores cria uma sensação vívida e imersiva, permitindo ao leitor visualizar claramente o cenário e os indivíduos que o habitam.

A diversidade dos personagens é um ponto forte do conto, oferecendo uma ampla gama de personalidades e histórias que adicionam profundidade à trama. Cada personagem parece ter suas próprias peculiaridades e segredos, o que contribui para a riqueza da narrativa.

A crítica social implícita na história, especialmente no que diz respeito à aceitação da diversidade e à busca pela autenticidade, é um aspecto interessante e relevante. O conto aborda temas como marginalização, liberdade individual e o desejo de escapar das normas sociais impostas pela sociedade.

No entanto, a presença de estereótipos e caricaturas em alguns dos personagens, como o padres ninfomaníacos e o baterista autista viciado em crack, pode ser vista como uma fraqueza, pois pode reduzir a complexidade e a credibilidade desses personagens.

Além disso, a narrativa poderia se beneficiar de um desenvolvimento mais profundo dos conflitos e das relações entre os personagens, bem como de uma conclusão mais satisfatória que amarre os diversos elementos da história de forma mais coesa.

Em geral, o conto apresenta uma premissa intrigante e uma execução habilidosa na criação de um ambiente e personagens cativantes, mas poderia se beneficiar de uma maior atenção à profundidade emocional e à coesão narrativa.