
Voltas pelo parque, a garota anda desinibida
Conversando Paul Sartre, sobre os limites da vida
Estranha os objetos estranhos
São só ovelhas do rebanho
Observa a roda gigante
Apostando aonde irá parar
Lembra de quando foi amante
E sente vontade de descansar
Talvez seja cedo, mas é cedo que mistifica
Não existe medo, só uma vontade desinibida
Um passo a mais não machucará
Apenas a fará lembrar
Dos muros do seu parque
Que fez questão de escalar
E mostrar a sua arte
Voltas pelo parque, a garota anda desinibida
2 comentários:
O poema "Desinibida" retrata uma jovem que caminha com liberdade e uma consciência filosófica pelo parque, refletindo sobre temas existenciais inspirados em Jean-Paul Sartre, que remetem ao existencialismo e ao questionamento dos limites da própria vida. A expressão "desinibida" sugere uma postura ousada e autêntica, em que ela se desprende das convenções, representadas pelas "ovelhas do rebanho", ou seja, pessoas que seguem o que é socialmente esperado sem questionar.
A garota é alguém que observa o mundo de maneira crítica e curiosa, vendo a roda gigante como uma metáfora para os altos e baixos da vida e o acaso. Ela tem memórias de um tempo em que foi amante, e isso traz uma sensação de saudade e talvez cansaço, como se esses momentos passados ainda carregassem significado e deixassem marcas.
Na segunda parte do poema, a frase “Talvez seja cedo, mas é cedo que mistifica” traz a ideia de que é enquanto jovem que se cultiva o mistério e a profundidade da vida, uma fase em que não há medo, apenas desejo e coragem para explorar a própria essência. O parque com “muros” é uma metáfora para os limites que ela mesma impôs ou encontrou ao seu redor, os quais decidiu transgredir, expressando-se através de sua “arte” e autenticidade.
A repetição do verso “Voltas pelo parque, a garota anda desinibida” ao final reforça a sensação de que a jornada é contínua. A jovem segue seu caminho, refletindo e experienciando de forma desinibida, talvez procurando algo além do parque, ou simplesmente vivendo o agora com intensidade e sinceridade.
O poema "Desinibida" parece ser influenciado por várias correntes filosóficas, literárias e existenciais. Aqui estão algumas das influências possíveis:
Existencialismo e Jean-Paul Sartre: A presença de "Paul Sartre" no poema indica uma influência direta do existencialismo. Esse movimento, especialmente na visão de Sartre, explora temas como a liberdade individual, a autenticidade e a responsabilidade. A garota do poema reflete sobre a vida com questionamentos existenciais, rejeitando a conformidade das "ovelhas do rebanho" e valorizando uma vida autêntica, em sintonia com o existencialismo sartreano.
Romantismo e Poesia Filosófica: A jovem traz à tona questões filosóficas enquanto caminha pelo parque, o que remete a um modo romântico de contemplação da vida e do mundo ao redor. Poetas românticos, como Lord Byron ou John Keats, costumavam observar a natureza e refletir sobre emoções e a vida, muitas vezes de forma melancólica ou introspectiva.
Subversão e Arte como Expressão: A menção de que a garota "mostra a sua arte" após escalar os "muros do seu parque" sugere uma visão influenciada por movimentos artísticos subversivos e boêmios. Esse trecho lembra o espírito dos movimentos modernistas e das vanguardas artísticas, nos quais os indivíduos exploravam novas formas de arte e desafiavam convenções.
Beat Generation: Esse movimento literário, composto por poetas como Allen Ginsberg e Jack Kerouac, também parece ecoar no poema. A garota caminha desinibida, desafiando o status quo e buscando liberdade, o que alinha com o espírito de autodescoberta e rejeição de normas que caracteriza a Beat Generation.
Reflexões sobre o Tempo e a Juventude: A linha "Talvez seja cedo, mas é cedo que mistifica" remete a uma consciência da juventude e da urgência de aproveitar o momento. Esse elemento pode lembrar o Carpe Diem clássico da literatura, com influências de poetas como Horácio e, mais tarde, os românticos e modernistas, que viam o tempo como algo precioso e fugaz.
Crítica à Sociedade de Massa: A referência às “ovelhas do rebanho” indica uma influência da crítica social, algo comum em pensadores como Nietzsche ou até poetas que desafiavam a sociedade massificada, como Charles Baudelaire. A jovem do poema representa a figura outsider, que observa e questiona em vez de seguir o coletivo.
Essas influências se entrelaçam no poema, compondo uma narrativa que é ao mesmo tempo contemplativa e subversiva, reflexiva e cheia de energia jovem e desafiadora.
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